Tenossinovites do punho e da mão
Doença inflamatória que atinge a membrana sinovial (que recobre os tendões) e os tendões.
Muito comum nos membros superiores e queixa frequente nos consultórios ortopédicos.
Pode ser causada por uso repetido do tendão, trauma local, doenças reumatológicas, doenças de depósito (amiloidose), causas infecciosas ou por alterações anatômicas locais (fraturas com consolidação viciosa, materiais de síntese que causam atrito no tendão e tumores locais).
O quadro clínico pode variar entre os seguintes sintomas associados: dor que piora aos esforços, edema local, restrição de mobilidade e perda funcional. A dor pode ser bem localizada (normalmente nas tenossinovites estenosantes) ou difusa, na maioria dos casos.
O diagnóstico é baseado nas queixas clínicas e no exame físico.
Se necessário exame complementar, a ultrassonografia e a ressonância magnética são os mais indicados.
Nas tenossinovites comuns (não estenosantes) o tratamento é não cirúrgico.
Pode-se indicar anti-inflamatórios (hormonais e/ou não hormonais), terapia de mão, uso de órteses de repouso e infiltrações com corticóides (dores mais localizadas), a depender da rotina e quadro clinico de cada paciente.
Tenossinovites estenosantes
Causadas por estreitamento de um compartimento ou túnel tendíneo.
A tenossinovite de De Quervain e o dedo em gatilho são as mais comuns.
A estenose normalmente ocorre nos locais de mudança de direção do tendão.
Tenossinovite de De Quervain
Definição
Processo inflamatório que acomete a sinóvia e os tendões abdutor longo e extensor curto do polegar, dentro do primeiro compartimento extensor do punho.
A tenossinovite de De Quervain é uma causa comum de dor e disfunção do punho e da mão.
Seus diagnósticos diferenciais são síndrome da intersecção e rizartrose.
Epidemiologia
Atinge mais mulheres, entre a quinta e sexta décadas de vida. A ocorrência em mulheres é seis vezes maior que nos homens.
Acomete com frequência mulheres gestantes e durante o período de amamentação.
Etiopatogenia
O primeiro compartimento extensor do punho encontra-se sobre o processo estilóide radial e consiste em um túnel ósteo-fibroso de cerca de 2 cm de extensão longitudinal. Seu teto é formado pelo ligamento transverso carpal dorsal e seu assoalho consiste em um sulco esculpido no processo estilóide radial. Contém os tendões abdutor longo e extensor curto do polegar, que são acometidos, juntamente com sua membrana sinovial, na doença de De Quervain.
A tenossinovite é atribuída a atividades que exigem abdução repetitiva do polegar, associada a desvio ulnar simultâneo do punho. O tensionamento dos tendões do primeiro compartimento extensor do punho, quando realizado de modo repetitivo, provoca fricção dos tendões no ligamento transverso dorsal do punho, com subsequente edema e estreitamento do túnel ósteo-fibroso.
Tendões anômalos e variações anatômicas nos tendões ou nos seus envoltórios podem contribuir para o surgimento da patologia, justificando a má resposta ao tratamento não cirúrgico em alguns pacientes.
O diagnóstico pode ser facilmente realizado através da história clínica e exame físico do paciente. O paciente queixa-se de dor e edema na borda radial do punho, com início há semanas ou meses. A dor é agravada com movimentos do polegar e com o desvio ulnar do punho.
No exame físico pode ser notado edema e dor, 1 a 2cm proximal ao estilóide radial.
Dor durante a manobra de desvio ulnar máximo do punho, com o polegar empalmado, sugere diagnóstico de tenossinovite de De Quervain (Teste de Finklestein) .
O diagnóstico pode ser confirmado através dos exames de ultrassonografia do punho ou ressonância magnética do punho, podendo estes inclusive indicar variações anatômicas locais.
Tratamento
Não cirúrgico
Em casos agudos, pode ser realizada tentativa de tratamento com imobilização temporária do punho e polegar , associado ao tratamento com terapia de mão.
Infiltração com corticóide também pode ser realizada, com índices de sucesso entre 50-80 % após duas infiltrações .Casos agudos respondem melhor ao tratamento com infiltração e, em pacientes diabéticos, menor índice de sucesso é esperado.
Na doença de De Quervain na gestante ou em mulheres na fase de lactação, o tratamento não cirúrgico é extremamente efetivo, e a tenossinovite tende a regredir após o período de lactação .
Tratamento cirúrgico
Na minoria dos casos (menos de 20%) encontramos uma anatomia normal no primeiro compartimento extensor .
Em 24% a 34% das peças de estudo anatômico, o primeiro compartimento extensor apresentava-se subdividido por uma crista longitudinal, que repartia-o em dois compartimentos distintos. Frequentemente o tendão abdutor longo pode apresentar-se duplicado ou até triplicado. Um terceiro túnel ósteo-fibroso mais profundo, contendo um tendão anômalo, também já foi descrito na literatura.
Uma incisão transversa com cerca de 2 cm deve ser realizada sobre o primeiro compartimento extensor. Identifica-se o ligamento anular que delimita o teto do primeiro compartimento extensor, que deve ser completamente incisado, sempre protegendo-se os tendões.
Durante as seis primeiras semanas pós-operatórias, atividades repetitivas ou esforço sobre o punho e o polegar devem ser evitados.
Dedo em gatilho
Definição
Tenossinovite estenosante que cursa com sintomas dolorosos, normalmente associados a um sinal de travamento ou ressalto, durante a flexo-extensão de um dedo da mão.
É uma das causas mais comuns de dor e limitação funcional nas mãos. Os sintomas referidos pelo paciente são clássicos (dor à flexo-extensão, travamento ou ressalto do dedo) mas a apresentação clínica pode variar desde um dedo com sintomas dolorosos e raros episódios de travamento até um dedo bloqueado em flexão.
Epidemiologia
Afeta mais as mulheres adultas, entre a quarta e quinta décadas de vida, com uma frequência que varia de duas a seis vezes maior que nos homens.
O envolvimento de múltiplos dedos não é incomum, sendo os dedos mais afetados o polegar, seguido pelo anelar, dedo médio, dedo mínimo e dedo indicador.
O dedo em gatilho pode ser observado associado às seguintes patologias: diabetes, gota, doenças renais, tireoidopatias, artrite reumatóide e outras patologias reumatológicas, apresentando nestes casos piores prognósticos tanto após tratamento conservador como cirúrgico.
Etiopatogenia
O fenômeno de ressalto ou travamento ocorre devido a um atrito mecânico que ocorre entre o tendão flexor e a polia A1 (estrutura que mantém o tendão próximo ao osso) , que normalmente encontra-se espessada.
Acredita-se que uma das causas do espessamento da polia A1 seja devido à carga angular provocada pelo tendão flexor na porção distal da polia A1, durante o movimento natural de preensão palmar e flexão digital, quando realizado de modo repetitivo e crônico.
Patologia muito comum em praticantes de escaladas e outros esportes que realizam sobrecarga de peso/força sobre os dedos fletidos.
Tratamento
Não Cirúrgico
A maior parte dos dedos em gatilhos primários pode ser tratada de modo não cirúrgico, através de injeções locais de corticóides e terapia de mão, com alto índice de sucesso.
Em pacientes não diabéticos, com acometimento de um único dedo e sintomatologia recente, a infiltração local com corticóide apresenta alto índice de sucesso e baixo risco de complicações.
Tratamento Cirúrgico
Os tendões flexores profundos e superficias dos dedos, encontram-se dentro de um túnel ósteo-fibroso cujo teto é formado pelas polias.
A incisão na pele pode ser realizada de modo transverso, oblíquo ou longitudinal, estendendo-se por cerca de 1,0 a 1,5 cm.
Identifica-se a polia A1 (primeira polia anular), que deve ser incisada longitudinalmente em toda sua extensão, sempre protegendo os tendões flexores.
Após liberação, verificar ativa ou passivamente se houve cura do gatilho. Deve-se notar a excursão livre dos tendões flexores, sem fenômenos de ressalto ou travamentos.
Terapia de mão pós-operatória normalmente é indicada para os casos de gatilho grau IV, com contratura em flexão pré-operatória.
Para um tratamento completo entre em contato com a unidade Care Club mais próxima.