Uma das grandes dúvidas de mulheres que chegam à menopausa é quanto à reposição hormonal, principalmente porque muitas acreditam que o uso dos hormônios – em geral estrógeno e progesterona, usados para diminuir a intensidade dos sintomas comuns neste período – aumenta as chances de desenvolver um câncer de mama. O endócrino Ronaldo Arkader, da CareClub, alerta que a decisão quanto ao uso ou não da reposição hormonal deve ser individualizada e tomada em conjunto com o médico, que levará em conta os riscos de cada paciente para a doença. “Antes de mais nada é preciso analisar quais são os riscos de aquela paciente desenvolver um câncer de mama. Os fatores de risco para este tipo de câncer são vários: ser mulher, o envelhecimento das células, alguns polimorfismos genéticos e histórico familiar – mulheres com parentes de primeiro grau que já tiveram a doença têm risco triplicado)”, explica o médico. “Estatisticamente, mulheres brancas também têm mais riscos quando comparadas às asianas e africanas, assim como mulheres com mamas densas, avaliadas por mamografia.” Dr. Ronaldo lembra que de fato há estudos que mostram maior prevalência da doença em mulheres que passaram pela reposição. Mas que também há várias pesquisas, algumas delas recentes, que amenizam esses riscos e apontam para os benefícios do uso dos hormônios na menopausa. Uma delas, publicada este mês no European Journal of Cancer, mostra que o risco aumentado de câncer de mama ou em órgãos reprodutivos femininos na reposição hormonal é compensado por uma queda no risco de câncer gastrointestinal, por exemplo. Outro estudo, publicado em setembro no JAMA (Journal os American Medical Association), acompanhou durante 18 anos um grupo de mulheres que usou os dois tipos diferentes de reposição hormonal. A conclusão foi que a reposição não pode ser relacionada à taxa de mortalidade dessas mulheres. “Por isso é importante avaliar caso a caso. Nas pacientes que não apresentam fatores de risco evidentes para o câncer de mama, a reposição hormonal provavelmente não acarretará risco significativo para a doença, especialmente se utilizada por menos de cinco anos”, diz dr. Ronaldo.