Embora muitos achem que sejam iguais, a perda de peso e o emagrecimento não significam a mesma coisa e podem ou não ocorrer juntos.
Antes de discutir as diferenças entre tais conceitos é necessário entender alguns termos como:
- Peso corporal: é o resultado da soma de todos os componentes do corpo, ou seja, ossos, líquidos corporais, músculos, gorduras e órgãos.
- Massa livre de gordura: é tudo o que compõe o corpo com exceção da gordura.
Quando falamos em perda de peso, estamos falamos de toda composição corporal, incluindo ossos, massa muscular, teor de água corporal, órgãos e o tecido de gordura. O aumento ou redução de peso na balança, não revela quais desses componentes sofreu alteração.
O estado de hidratação de uma pessoa pode oscilar ao longo do dia e pode ter variações de 500 g até 2 kg ou mais. Além da hidratação, outros fatores podem influenciar o seu peso na balança, como: período pré-menstrual (no caso de mulheres), uso de medicamentos diuréticos ou corticoides, uso de suplementos como creatina, consumo elevado de cafeína, chás diuréticos.
Quando falamos em emagrecimento, estamos falando principalmente sobre a perda de gordura corporal. Para saber ao certo se a redução de peso foi proveniente predominantemente da perda de gordura, deve-se fazer uma avaliação da composição corporal por algum método como bioimpedância, protocolo de dobras cutâneas, pletismógrafo (BOD POD), ultrassom, ressonância magnética ou até exames mais robustos de densitometria da composição corporal por DEXA. Entretanto, na prática clínica, avalia-se a composição corporal através da bioimpedância e das dobras cutâneas por serem de maior viabilidade.
A análise por bioimpedância é realizada através de uma balança, a qual utiliza uma corrente elétrica que passa pelos fluídos corporais, e como resultado, mostra qual a composição corporal do indivíduo. Como a corrente depende dos fluídos corporais, os resultados podem ser divergentes dependendo de como foi a rotina do indivíduo pré exame. A avaliação por dobras cutâneas utiliza o adipômetro como equipamento para esta análise, o qual permite avaliar a quantidade de gordura em certos pontos do corpo, ele faz algo parecido com uma pinça na pele e então mostra a quantidade de gordura no local desejado.
Sendo assim, é importante utilizar métodos de avaliação corporal e não somente a balança para que seja possível interpretar a distribuição e quantidade dos componentes corporais. Com isso, torna-se mais clara a diferença entre a perda de peso e o emagrecimento, sendo a primeira referente a redução de algum valor na balança independente do que foi perdido, podendo ser massa livre de gordura, líquidos corporais ou tecido gorduroso. Já o emagrecimento, refere-se à redução de um componente corporal específico, o tecido gorduroso. Por exemplo, um paciente em 1 mês pode perder 3 quilos de peso corporal sendo 1,5 quilos de água, 1 quilo de massa livre de gordura e 0,5 quilo de tecido gorduroso.
Além disso, em um processo de emagrecimento é possível que o peso na balança não se altere, tal cenário se deve à diminuição da gordura corporal e, em paralelo, aumento da massa muscular. Esta mudança de composição corporal não é esperada, entretanto, ela pode ocorrer devido a prática de adequadas estratégias nutricionais associadas ao exercício de força, por exemplo. Fatores como uso de próteses (de diversas naturezas), prática de outros tipos de exercício, horário da avaliação, entre outros, também podem interferir e dificultar a interpretação da avaliação de composição corporal.
É muito comum observarmos que existem pessoas que não possuem excesso de peso, mas necessitam de uma adequação da composição corporal. Por exemplo, 2 pessoas que possuem 20% de gordura sendo que uma pesa 50kg e a outra 100kg. Sendo o percentual relativo ao peso, o indivíduo de 100kg certamente precisa perder peso e gordura. Já aquele de 50kg, não necessariamente precisa perder peso, mas sim, adequar a sua composição corporal.
O que parece simples para alguns pode gerar stress, angústia e até frustração para outros, portanto é recomendado procurar um profissional especializado para ter orientação. Para algumas pessoas se pesar diariamente pode ser um hábito ruim, já para outros, monitorar o peso na balança com esta frequência é sinal de controle.
Aqui vão algumas estratégias nutricionais para se obter um emagrecimento saudável:
• Déficit calórico (comer menos e gastar mais);
• Avaliação de exames bioquímicos, recordatório de 24 h ou diário alimentar, rotina de atividades físicas
• Avaliação da taxa metabólica de repouso
• Jejum intermitente
Para um emagrecimento saudável, a perda de gordura exclusiva ou em maior proporção em relação à massa muscular é ideal.
Portanto, o emagrecimento não é um processo tão simples, mas pode e deve ser equilibrado e individualizado com o auxílio de profissionais qualificados.
Assim, é de tamanha importância durante todo processo de emagrecimento, o acompanhamento do indivíduo junto a nutricionistas, educadores físicos e médicos, pois através de condutas específicas aumentam-se as chances não só de perda de gordura como também de manutenção ou até mesmo ganho da massa muscular, a qual é fundamental para uma boa saúde.