A Maratona de Paris começou, no último domingo, com um frio pior do que o esperado e sensação térmica entre zero e um grau – mas que não chegou a atrapalhar. A temperatura logo começou a subir e André Barrence, que corria sua primeira prova de 42km, estava animado com suas parciais, quilômetro a quilômetro. “Eu ia em um pace até melhor do que o programado”, ele conta.
Mas quem já correu uma maratona sabe bem: a prova de fogo vem por volta do km 30, e com André não foi diferente. “No quilômetro 28 o cansaço me pegou. Eu vinha de duas semanas de uma gripe bem forte, com viagens a trabalho, e achei que não ia dar. Entre o 28 e o 34, entrei num buraco negro do qual eu achei que não conseguiria sair. Foi um desânimo imenso.”
Quando achou que teria de parar de vez, André respirou fundo e lembrou de todos os treinos até ali. “No meio daquela multidão, naquelas ruas lindas de Paris, correndo no meio de parques e chateaus, eu me lembrei de por que estava ali, fazendo tanta força, me desafiando ao extremo. Foi muito bacana eu me dar conta do tanto de prazer que aquilo me proporcionava, que não corro por obrigação. Respirei fundo e consegui milagrosamente me recuperar, física e em especial mentalmente, para terminar a prova bem e na minha meta principal, com um tempo sub-4h. Fiquei bem feliz.”
Para André, “quebrar” até quase ter de parar e ter sido capaz de se recuperar é resultado também de seu cuidadoso ciclo de treinamento. “Este cuidado começou em 2017, quando fiz meu primeiro 70.3 [ele fez o meio Ironman de triathlon de Majorca e, no ano passado, mais um em Alagoas] e procurei o Doc [o médico do esporte Gustavo Magliocca] para chegar na prova mais forte e sem lesões. Eu já tinha os dois joelhos operados, então não queria arriscar”, ele conta. “Depois disso, comecei fisioterapia com o Marcelo Simplicio, fiz reeducação funcional com o Fábio Bessa e tive o acompanhamento da Patricia Vidal na preparação física.” Quando definiu que correria a maratona, André procurou também um nutricionista esportivo. “O Humberto Nicastro (da unidade Ibirapuera) ajustou minha alimentação para eu chegar mais forte na prova”, ele diz. “Tenho certeza de que esta turma toda tem suas impressões digitais nesta minha medalha.”