Hoje não faltam promessas de equipamentos modernos, suplementos inovadores e técnicas infalíveis para melhorar a performance. Mas, antes de investir tempo e dinheiro em uma delas, é preciso “olhar para dentro”, ou seja, avaliar nossas respostas fisiológicas e individuais aos estímulos dos treinos. “Até darmos uma boa olhada em nossa fisiologia para avaliar a saúde geral e como nossos corpos estão respondendo à carga de trabalho e recuperação do treinamento, ignoramos nosso estado geral de saúde e limitamos nosso potencial atlético”, afirma o médico do esporte e do exercício Guilherme Dilda.
A análise rotineira das respostas fisiológicas por exames bioquímicos deve fazer parte da estratégia de todo atleta. Essa investigação, realizada por um profissional de medicina esportiva, deve começar antes do início do ciclo de treinos, para estabelecer um perfil basal de como o corpo funciona sem a influência de cargas de treino. “É apropriado incluir marcadores gerais para garantir que estamos em um bom estado de saúde – ou permitir uma oportunidade de alcançar esse estado – antes de aumentar a carga de treinos. Tais análises dão segurança para esse começo e ajudam o atleta a entender a que distância está da meta”, afirma Dilda.
Tendo um panorama basal, exames de sangue devem ser avaliados de forma rotineira com objetivo de entender como estão as respostas do corpo frente àquela demanda de treinos. Duas pessoas diferentes podem fazer o mesmo treino, seguir a mesma planilha (carga externa), mas ter respostas fisiológicas (carga interna) totalmente distintas. Entender essa relação entre cargas interna e externa é fundamental durante o ciclo de treinamentos. A carga interna pode ser mensurada de diferentes formas (percepção de esforço, variabilidade da frequência cardíaca, etc), mas quando esse controle é feito por exames bioquímicos, é possível entender melhor as respostas fisiológicas.
Com esse tipo de acompanhamento podemos, por exemplo, identificar se o resultado que o treinador desejava para aquele momento de treinos está adequado. “Se ele queria que o atleta ficasse cansado e a gente vê nos exames que ele realmente está, ótimo. Mas se não era pra isso acontecer e há sinais de fadiga, é necessário fazer ajustes nos treinos para não gerar uma sobrecarga que se torne prejudicial”, exemplifica Dilda. O mesmo vale para a situação oposta: a planilha estar fraca diante da condição que o atleta apresenta nos exames, sendo possível puxar mais nos treinos.
Usar a seu favor todo o conhecimento que a medicina do esporte oferece hoje, como se vê, pode garantir um ciclo de treinos mais efetivo e com melhores resultados!