Não é raro atletas praticantes de atividades de endurance, como o crossfit, aderirem a uma dieta low carb na busca por perda de peso. Mas será que estratégia nutricional é realmente a melhor? A nutricionista da Care Club Hannah Médici, também praticante de crossfit, escreve sobre o tema:
“Diferentes manejos nutricionais para melhora da performance vêm sendo discutidos não somente na literatura científica como no dia a dia dos praticantes de modalidades diversas, desde amadores até profissionais.
Agora existe a tendência para a dieta low carb, com característica de compor em até no máximo 30% de carboidratos das calorias totais ingeridas no dia como forma de emagrecimento. De fato é uma forma excelente de perda de peso (e até de gordura), pois promove uma melhora metabólica interessante, reduz os níveis de insulina e, consequentemente, a fome/compulsão e aumenta o controle do peso.
E por que insulina em excesso pode ser prejudicial? Ela é o hormônio responsável pela captação de glicose do sangue para os tecidos, e em níveis elevados pode gerar ganho de peso excessivo e aumento de gordura, além dos riscos de, se aumentada de forma crônica, levar a quadros de doenças envolvidas na síndrome metabólica, como diabetes e pressão alta.
Porém, existe uma confusão de conceitos bastante comum entre estética e rendimento. Atletas de modalidades do endurance como o crossfit ou até mesmo pessoas que praticam atividade aeróbica ainda que de forma amadora PRECISAM do carboidrato como fonte primária de energia. Ele é fundamental para o desempenho das habilidades técnicas do movimento durante o treino, sem prejuízo à saúde e para o próprio treino, para garantir que o organismo execute suas funções de forma cada vez mais eficiente, com menos fadiga e mais responsividade.
De acordo com o American College of Sports Medicine (Colégio Americano de Medicina do Esporte), as recomendações de carboidrato para a melhor performance esportiva são de no mínimo 3 a 5g por quilo de peso corporal, por dia. Esta quantidade pode ser maior nas modalidades com intensidade de moderada a alta (com duração de 1 a 3h por dia), com ingesta de carboidrato sugerida em 6 a 10g por quilo de peso corporal, por dia. Quanto mais intensa ou longa for a atividade, maior a requisição do corpo para o consumo de carboidratos.
Dessa forma, podemos imaginar que, sem a ingestão de carboidratos em no mínimo 30% para praticantes de endurance ou modalidades de alta intensidade, a performance pode ser afetada. A “carbofobia”, como chamamos hoje o medo do consumo de carboidratos, consequente do excesso de informação (muitas vezes errada) veiculada em mídias e redes sociais, pode levar a uma opção por uma estratégia nutricional equivocada para o tipo de modalidade e necessidade individual, que deve ser discutida e respeitada.
Estratégias nutricionais existem para serem analisadas e utilizadas quando a situação for mais apropriada. Para o manejo do peso, perda de gordura ou melhora metabólica, a dieta low carb pode ser positiva para a população em geral. Mas não é para todos.
Em contrapartida, existe a alternativa de uma leve restrição calórica (que pode ser de lipídios e proteína, mantendo a maior parte de ingesta de carboidratos) como manobra de sucesso para os praticantes do crossfit.
Portanto, se o objetivo é performance, o próprio treino em si, juntamente com uma alimentação equilibrada e em quantidades suficientes de carboidratos, vai garantir a manutenção ou perda de peso, se este for o objetivo.
Procure sempre um nutricionista esportivo capacitado para discutir, alinhar e elaborar um plano alimentar que foque em seus objetivos específicos, seja pensando na melhora do rendimento, na evolução da estética e na sua composição corporal.