Era 2015 e faltavam apenas dois quilômetros para Ana Gestal de Miranda completar a Maratona de Buenos Aires, prestes a bater seu recorde pessoal na distância. Ela olhou para o relógio e para o marido, que a acompanhava de bicicleta, com um ar de “acho que dá”. Ele então tirou o celular do bolso e ligou para casa, em São Paulo, para Nathalia e Lorenzo, os filhos do casal, participarem da reta final da prova. “Eu corri esses dois quilômetros ouvindo os gritos das crianças no viva-voz. Eles diziam ‘vai, mãe, você consegue, força!’”, conta Ana, que naquele ano cravou 3h11min41seg, seu recorde pessoal e um segundo lugar na categoria, e que até hoje se emociona mesmo ao lembrar do telefonema.

Nathalia, de 16 anos, e Lorenzo, de 13, nasceram e cresceram com o esporte dentro de casa. Ana praticava triathlon quando engravidou da mais velha. “Depois que ela nasceu, por falta de tempo, mudei para corrida. Quando a Nathalia tinha 8 meses fiz minha primeira maratona”, ela lembra. A pausa foi maior quando Lorenzo nasceu. A rotina de mãe de dois, mais puxada, a afastou das provas. “Mas não parei totalmente, apenas desacelerei.”

Quando retomou a intensidade dos treinos, os filhos passaram a viver a rotina das maratonas com a mãe – e já foram 12 até aqui. “Eles me viram acordar de madrugada para treinar, abrir mão de muitas coisas e a alimentação em casa sempre foi saudável porque frequento nutricionistas, acredito que a alimentação contribui com 50% do treino. Enfim, é uma casa de atletas amadores, meu marido também pratica vários esportes.”

O resultado do bom exemplo que sempre deu hoje é celebrado por Ana. Lorenzo, mais competitivo, joga futebol e participa de campeonatos fora do país. “Ele pergunta sobre meus treinos, meus tempos, presta atenção no que eu como.”  Nathalia é mais reservada e atualmente pratica atletismo. “No ano passado ela correu sua primeira prova de 5 km, mas não quis que eu corresse com ela. Não quer que eu interfira. Mas entre 120 mulheres, ficou em 20º”, conta a mãe coruja, que corre com acompanhamento dos profissionais da Care Club há mais de oito anos. “Sou uma amadora que leva o esporte a sério, então preciso de suporte. Se não fosse a Care Club, eu viveria machucada. Passei por uma reeducação postural e faço os meus exames com médico do esporte e solturas musculares na clínica.”

Para Ana, ver seus filhos saudáveis e ativos é uma alegria. Principalmente, porque ela acredita que esporte não deve ser algo imposto pelos pais. “Se não damos o exemplo, não podemos exigir nada. Em casa eles sempre nos viram praticar, e não pedir que praticassem.” Que melhor presente uma mãe pode querer, certo?