Durante uma partida de futebol, um jogador pode percorrer mais de 10 km. Na Copa do Mundo de 2014 foram registrados dados de até 15 km por partida. Mas algumas posições exigem mais tem termos de movimentação, enquanto outras pedem ações precisas. Os laterais, por exemplo, fazem uma movimentação intensa e constante. Já dos goleiros são exigidos reflexo, cognição (tomada de decisão) e potência muscular (explosão). “Além dos laterais apresentarem um maior gasto calórico, o metabolismo deles é diferente do de um goleiro, que é anaeróbico”, afirma o nutricionista esportivo da CareClub Humberto Nicastro.
Independentemente da posição em que atua, o jogador de futebol jamais deve aderir a uma dieta mais restritiva, mesmo que haja necessidade de adequação de peso e composição corporal. Segundo Humberto, o cardápio precisa ser equilibrado e, devido à alta demanda energética, alguns cuidados devem ser tomados:
- Adequação energética (calorias) de acordo com necessidade individual e da carga de treinamento;
- Hidratar-se ao longo de todo o dia considerando fatores ambientais como temperatura e umidade do ar, perda de peso durante o treinamento e a partida e marcadores bioquímicos alterados (eletrólitos);
- Consumir carboidratos de boa qualidade para o fornecimento e recuperação de energia (no pré e pós-treino);
- Adequar a ingestão de proteínas ao longo do dia para recuperação e ganho/manutenção de capacidades musculares como força e potência;
- Investigar a necessidade de suplementação nutricional não só com o objetivo de aumento de performance, mas também visando a correção de deficiências nutricionais e prevenção e tratamento de lesões;
- Saber a hora e a forma certa de fazer exceções alimentares de modo que não haja prejuízo sobre o rendimento físico e esportivo do atleta.
Se tivéssemos que dar um exemplo de um prato comum entre jogadores, ele traria os três grupos alimentares abaixo:
- Salada de folhas, verduras e legumes – fornece vitaminas e minerais, além de estimular a mastigação e, consequentemente, a saciedade. Podem ser consumidos crus ou cozidos de forma isolada ou dentro de preparações (receitas).
- Carboidratos complexos: são cereais integrais (arroz integral, quinoa, macarrão integral) e tubérculos (batatas, mandioca, etc) que além de serem fonte de energia e essenciais para recuperação, também fornecem fibras e vitaminas do complexo B.
- Proteínas: podem ser obtidas em leguminosas (feijão, grão de bico, ervilha e soja), porém, a concentração nestes alimentos é baixa. Proteínas de origem animal (carnes, peixes e ovos) são essenciais para fornecer aminoácidos que participam do processo de recuperação muscular e das adaptações (por exemplo, ganho de força).
Em qualquer modalidade esportiva, o nutricionista é responsável por introduzir bons hábitos e estratégias que devem ser implementados diariamente na rotina de treino dos atletas. Nos dias de jogo, há uma grande influência de fatores psicológicos e emocionais. Nessa situação, a primeira recomendação é evitar novidades. “O atleta não deve experimentar alimentos novos nem trocar um já conhecido por outro com o qual não está habituado. É preciso também ter cuidado ao aumentar ou diminuir a quantidade de certos alimentos, principalmente na refeição antes da partida. O que faz bem a um determinado atleta não necessariamente faz bem a outro e isso deve ser testado nos treinos, e nunca no jogo. Assim, é possível reduzir a incidência de desconfortos gastrointestinais que comprometem severamente a performance dele.”