O domingo amanheceu promissor – temperatura por volta dos 10 graus e uma garoa muito fina, que aparentemente não comprometeria a prova. E foi realmente assim, sem contratempos, que a arquiteta Maria Emilia Monaco percorreu a primeira metade Maratona de Berlim. O pace ia até mais forte do que o planejado, aproveitando a largada extremamente bem organizada e os postos de hidratação a cada dois quilômetros e meio. “Mas por volta do km 22 a garoa virou uma chuva mais forte, e o chão encharcado tornou-se um obstáculo”, ela conta. “Eu até esperava chuva, porque estava prevista. Mas foi forte demais, e tive muito medo de escorregar e cair. Por isso diminuí bastante meu ritmo.”
Mesmo com a chuva, Maria Emilia estava radiante. Era sua segunda maratona, e a primeira, em Roma, no ano passado, havia sido um pesadelo. “Sabe quando tudo dá errado? Eu desidratei, tive problemas intestinais durante toda a prova”, diz. Decidida a apagar a má impressão e fazer as pazes com a distância, no início do ciclo de treinamento para Berlim, em janeiro deste ano, ela procurou a Care Club Ipanema. “Ali encontrei o suporte que procurava. A equipe me acompanhou com fortalecimento, fiz liberações musculares com o fisioterapeuta do SPA Diego Guarnieri, sessões de recovery e segui o plano alimentar da nutricionista Kerolyn Valente. Cheguei à prova muito bem preparada”, conta Maria Emilia, que começou sua história com a corrida quando estava grávida de nove meses de seu terceiro filho, no fim de 2016. “Minha irmã chegou em casa, eu com um barrigão, e disse que tinha nos inscrito em uma meia maratona que seria dali menos de um ano. Quando minha bebê tinha três meses fui liberada para começar a correr, e assim foi.”
Maria Emilia ficou surpresa com a animação dos alemães ao longo do percurso, na maratona. “Fazemos uma ideia de que eles são um povo frio e meio fechado, mas tinha festa o tempo todo, com gente botando os corredores para cima e até puxando caixa de som para a calçada de casa”, diz ela, que também destaca a excelente organização da prova. “São 50 mil pessoas correndo sem confusão, com tudo muito bem sinalizado.”
Mesmo com o ritmo mais lento, por causa da chuva, Maria Emilia ainda estava dentro do tempo estimado de prova que havia planejado com seu treinador. “Do km 30 em diante os músculos da perna começaram a doer. Coloquei Freddie Mercury no fone para me ajudar a ultrapassar o tal paredão dos 30 km, mas a chuva atrapalhou até isso. Com tudo molhado, ele não parava no meu ouvido. Entre os kms 33 e 38 segui não sei nem dizer como, até que reconheci a área e percebi que estávamos chegando. Veio um gás extra e a partir dali foi mais tranquilo administrar. A vontade de andar era forte, mas eu sabia que, se andasse, não seria capaz de correr mais. Quando enfim avistei o Portão de Brandemburgo, senti uma mistura de tudo: alivio, dor, emoção. Comecei a chorar muito e a correr o mais forte que consegui. Foi sensacional cruzar aquele portão e completar a maratona ainda dentro do tempo que eu havia programado.”
Segundo Maria Emilia, que depois de pegar a medalha ainda teve energia para caminhar um quilômetro e meio até o hotel, seu GPS marcou 42,600 km no percurso da maratona. Sei que a distância nunca é exata, mas como deu muito a mais estou até pensando em reinvidicar o título de ultramaratonista”, ela brinca.