Se você busca dar o melhor de si no esporte, tem que sacar mão de tudo que a ciência oferece. E um dos grandes aliados de quem pratica atividade física e quer manter um peso saudável é a bioimpedância. Esse exame analisa a composição corporal de uma pessoa. Ou seja, identifica o percentual de massa magra (músculo) e gordura do organismo. Ele é feito com a aplicação de uma pequena corrente elétrica no corpo. A seguir, o nutricionista esportivo da CareClub Humberto Nicastro responde a três perguntas sobre o exame.
1- Como é feita a bioimpedância e o que ela mede?
A bioimpedância é um método de avaliação da composição corporal. O princípio se baseia em corrente elétrica e divisão da composição corporal em massa gorda e massa livre de gordura (a soma de tudo que não é gordura em nosso corpo: água e fluídos, ossos, tecido muscular, pele, etc). Quando colocamos em um copo óleo e água, eles não se misturam, correto? Ou seja, o tecido adiposo (gorduroso) não é um tecido que possui muita água em sua composição. Quando a corrente elétrica circula no nosso corpo e encontra resistência, isso é interpretado como gordura corporal. Já quando encontra reatância, subentende-se em massa livre de gordura.
É importante seguir uma série de condições prévias ao exame para que não haja interferência nos resultados. Além disso, todo aparelho de bioimpedância possui uma fórmula cadastrada em sua memória para gerar os valores de composição corporal. É importante checar se essa fórmula está condizente com seu gênero, idade, etnia, modalidade esportiva, etc.
2- Por que só o peso na balança não diz muito sobre o atleta?
O exercício tem efeito direto na composição corporal de qualquer atleta. Em termos práticos, o exercício pode atuar sobre o tecido adiposo e sobre o tecido muscular. Ambos possuem uma característica chamada plasticidade. Ou seja, podem se adaptar em termos de tamanho e função (nesse caso, o músculo). Por exemplo, podemos ter uma pessoa com 100 kg de peso corporal e, se analisarmos somente o peso, poderíamos imaginar um indivíduo com alto valor de gordura corporal. O exame de composição pode sinalizar que dentro destes 100 kg, somente 10 kg (10%) é referente à gordura.
3- Como o resultado do exame auxilia a conduta do nutricionista e do treinador do atleta?
A composição corporal exerce influência direta na eficiência mecânica do atleta. A gordura apresenta uma densidade superior à do tecido muscular. Ou seja, 1 kg de gordura ocupa mais espaço que 1 kg de músculo. Portanto, quanto maior o volume de tecido gorduroso, mais peso o atleta irá carregar durante os treinos e competições, o que influencia negativamente no desempenho esportivo por reduzir a eficiência mecânica. Com base nesse resultado, o nutricionista pode adequar o perfil alimentar (calorias, carboidratos, proteína e gordura) para chegar à composição corporal ideal para aquele determinado atleta. O mesmo vale para o educador físico, que irá buscar os melhores estímulos para adequar a relação músculo/gordura.