No mês passado, a morte da escritora Fernanda Young por causa de insuficiência respiratória ligada à asma levantou uma questão importante sobre os riscos disso acontecer. Segundo o pneumologista Andre Albuquerque, da Care Club unidade Ibirapuera, é muito raro uma crise de asma levar alguém a óbito, mas pode ocorrer. “O tratamento da asma está cada dia mais eficaz, mas é preciso acompanhar de perto o quadro do paciente, especialmente quando há fatores desencadeantes ou agravantes das crises, que vão desde infecções respiratórias – virais ou bacterianas – até exposições a locais com muitos alérgenos, como pó, mofo, poeira, ou componentes inalatórios, como perfumes e tintas”, ele explica.
Também no esporte a asma é uma das causas de morte súbita em atletas. Os casos são bem mais raros que as de causas cardiológicas, mas acontecem – inclusive com indivíduos jovens e aparentemente saudáveis. “O que se observa, no entanto, entre as mortes relatadas, é que a maioria ocorreu com atletas que não tinham o diagnóstico de asma e, portanto, não seguiam tratamento ou acompanhamento médico adequados”, diz André. “O que mostra que estas mortes poderiam ter sido evitadas.”
Segundo o pneumologista da Care Club, é por isso que, quando houver sinais de cansaço excessivo nos treinos, falta de ar ou dificuldade para respirar, procurar um médico especialista para uma avaliação respiratória pode salvar vidas. “Os atletas no geral relacionam estes sintomas com falta de condicionamento físico ou excesso de volume ou intensidade no treino, mas pode ser asma. E se ela não for diagnosticada e tratada adequadamente, pode ser perigosa.”
Com um diagnóstico fechado é possível traçar o tratamento, que pode ou não incluir medicamentos, e também redimensionar o volume e a intensidade de treinos. “Quando o indivíduo sabe que tem asma e quais são os desencadeadores das crises, ele pode até mudar o local e horário do treino, por exemplo”, diz Andre. “Controlando os fatores, controlamos também a doença.”
Outro ponto importante, segundo o médico, é saber reconhecer quando não está bem, quando uma crise está a caminho. “Tosse, chiado em excesso e aumento da falta de ar são alguns sinais. E identificar precocemente cada crise evita que a doença atinja um ponto de maior gravidade.”
É importante frisar que a atividade física não apenas pode como deve ser praticada por pacientes asmáticos. “Estudos comprovaram que o exercício ajuda a diminuir a resposta inflamatória e a controlar a doença. Portanto, a prática deve ser estimulada como parte do tratamento.”
Para diagnóstico e cuidado da condição em atletas, a Care Club dispõe de um programa especial que inclui um teste de esforço específico para a asma induzida por exercício. “Ele é sem dúvida uma ferramenta importante no diagnóstico”, diz Andre. “E só com um correto podemos controlar os riscos.”