Seja qual for a modalidade, todo atleta quer resistência para ir mais longe e forte. Mas o que poucos sabem é que ela não se restringe ao condicionamento do sistema cardiovascular. “Essa associação, muitas vezes, leva treinadores e atletas a direcionarem o treino para atividades de baixa intensidade e longa duração a fim de aumentar a capacidade cardiovascular, mas apenas o suficiente para conseguir sustentar a atividade por períodos longos. Essa associação é incompleta: resistência está ligada a adaptações feitas na musculatura cardíaca e também na esquelética”, afirma Luigi Marino, preparador físico da CareClub.

De forma geral, podemos classificar a resistência como central – referente às modificações na musculatura cardíaca, como melhora do fluxo sanguíneo no tecido cardíaco e capacidade contrátil – e periférica, que são as adaptações que ocorrem na musculatura esquelética, como melhora na captação de oxigênio e aumento da tolerância local aos esforços repetitivos. “Atletas precisam de ambas as resistências, mas gastar um tempo excessivo em uma qualidade que não seja específica de seu esporte pode prejudicar o rendimento e até gerar lesões”, diz Luigi. A seguir, o preparador explica quais treinos podem turbinar a resistência em cinco esportes.

Corrida: esporte que demanda prioritariamente resistência central. “O sistema cardiovascular deve ser amplamente desenvolvido para suprir os músculos com oxigênio e, com o aumento da capacidade cardíaca, mais sangue consegue ser bombeado a cada batida, aumentando a eficiência do sistema e diminuído a frequência e o desgaste cardíaco”, explica Luigi, que indica aos corredores um trabalho muscular localizado que ajudaria na captação de oxigênio e na prevenção de lesões.

O treino paralelo: trabalho muscular para quadris e pernas. Exercícios de potência como saltos unilaterais e bilaterais ainda melhoram da elasticidade e resistência do tecido conectivo (tendões e fáscias).

Ciclismo: esporte com demanda mista, ou seja, central e periférica. “Capacidade cardíaca é importante mas, devido ao longo ciclo do pedal, muita força é exigida de membros inferiores”, afirma. Daí a importância de investir em treinos de força para essa região do corpo.

O treino paralelo: fortalecimento para membros inferiores com treinos que estimulam o ganho de força máxima, pois a resistência já é desenvolvida pela própria carga dos esporte.

Natação: requer principalmente resistência central, mas as demandas variam para atletas de curta (50m livres) ou longa distância (1500m). Assim, quanto menor a duração da modalidade, maior a importância da resistência periférica, já ele imprime força e velocidade a cada gesto.

O treino paralelo: trabalho de força para membros superiores e inferiores são fundamentais (na água com acessórios ou na academia com pesos), sendo que os membros superiores devem ser o foco tanto no ganho de força quanto nos trabalhos de prevenção de lesão.

Futebol: esporte de demandas mistas, embora uma boa base aeróbia (central) seja pré-requisito para a prática. “Saltos e tiros de velocidade são comuns no futebol e, portanto, o treino de força é indicado para gerar eficiência e ajudar na prevenção de lesões”, diz Luigi. Mas, como uma partida oficial dura 90 minutos, um trabalho aeróbico é fundamental para o jogador aguentar bem uma partida completa.

O treino paralelo: o foco deve ser no ganho de potência anaeróbia (esforços de alta intensidade com duração de 5 a 20 segundos). Por exemplo: tiros de velocidade e jogos em campo reduzido.

Crossfit: se existe um esporte no qual ambas as qualidades são altamente importantes, ele é o crossfit. “Dessa maneira, o melhor é identificar as necessidades individuais, ou seja, qual a qualidade menos desenvolvida no atleta e que potencialmente pode limitar sua performance. Bons treinadores de crossfit conseguem desenvolver ambas minimizando a concorrência negativa que elas podem ter quando treinadas junta”, afirma Luigi.

O treino paralelo: personalizado, junto ao próprio treinador de crossfit. “O atleta deve estar pronto para tudo sempre e cabe a ele e seu treinador identificar as maiores carências.”